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Ricardo Amorim: Você está pronto para uma nova era?

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Última atualização em 14 setembro 2017

A humanidade tem passado por revoluções cada vez mais aceleradas na forma como o trabalho e a sociedade tem se organizado. Na Pré-História, por milhões e milhões de anos, nossos ancestrais se organizaram em função das atividades de caça e pesca. Depois disso, por milhares de ano, a humanidade organizou-se em torno da agricultura e da pecuária. Há cerca de dois séculos, a indústria manufatureira tornou-se a forma dominante de organização da produção. Há poucas décadas, a internet tem reorganizado não apenas a forma de produção e entrega de produtos e serviços, mas a própria forma de relacionamento entre as pessoas. Acredito que há alguns anos, uma nova revolução iniciou-se: a da inteligência artificial e computação cognitiva.

Em todo este processo transformações e evolução, as formas anteriores de atividades predominantes nunca deixaram de existir, mas gradativamente perderam importância relativa comparadas às novas.
Em paralelo, a importância do comércio no conjunto das atividades produtivas humanas, isto é na economia, não parou de crescer. Isto aconteceu porque cada nova revolução permitiu uma expansão exponencial no grau de especialização do trabalho, criando funções com as quais gerações anteriores não poderiam nem sonhar.

É o comércio que permite que esta especialização ocorra. Se tivessem que plantar batatas e tomates para comer e construir suas moradias, Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo não teriam tempo para jogar bola. Felizmente para eles e para todos nós, eles e nós podemos nos dedicar ao que fazemos melhor, sermos remunerados para fazermos isso e usarmos nossa remuneração – ou mais precisamente uma mínima parte dela – para, através do comércio, comprarmos batatas e tomates.

Aí é que entra a importância da nova revolução que se inicia. Como em todas as anteriores, muitos temem que a nova forma de organização/produção acabará com os empregos existentes. Como em todas elas, muitos empregos deixarão mesmo de existir, muitos serão radicalmente transformados e muitos novos serão criados.

Como em todas as revoluções anteriores, ignorá-la não será uma opção. Isto não quer dizer que todas as formas atuais de se fazer negócios serão extintas. Nos primórdios do comércio eletrônico, muitos acreditaram que o comércio em lojas físicas seria exterminado. Excluindo-se algumas exceções em nichos pontuais, não foi o que aconteceu. Por outro lado, salvo também pouquíssimas exceções, o comércio das lojas físicas foi e continua sendo completamente transformado pelo desenvolvimento da internet, do e-commerce e das redes sociais.

Chegou a vez da inteligência artificial, do machine learning e da computação cognitiva revolucionarem tanto o comércio de lojas físicas quanto o e-commerce.
Neste processo, funções hoje executadas por pessoas serão transferidas a algoritmos com capacidade de aprenderem e se desenvolverem. Talvez mais importante, haverá inúmeros casos de interação entre estas tecnologias os e pessoas, incluindo o próprio processo de treinamento das tecnologias cognitivas pelas pessoas.

Este processo reforçará também um dos grandes avanços permitidos pelo e-commerce e outras formas de organização que ajudaram no desenvolvimento da humanidade: a escalabilidade. O e-commerce permitiu a uma lojinha de bairro de uma cidade pequena atingir potenciais compradores em outros continentes, o que era inimaginável antes dele. Por outro lado, ele trouxe a competição com mamutes globais a nichos e regiões que antes eram protegidos desta competição.

Além de remover barreiras geográficas, o e-commerce permitiu ganhos de escala antes impensáveis, o que por sua vez permitiu reorganizações de modelos de negócios e investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias e modelos de logística e tecnologia. É praticamente certo que o mesmo aconteça à medida que tecnologias de inteligência artificial e computação cognitiva avancem cada vez mais e tornem-se cada vez mais prevalentes.

Mesmo sem ser nenhum especialista no assunto e, sabendo que ainda estamos nos estágios inicias destas novas tecnologias, o que torna previsões de seus efeitos mais arriscadas, meu palpite é que elas avançarão ferozmente em todas as funções comerciais automatizáveis – e cada vez mais será automatizável – particularmente no componente transacional da troca de produtos, serviços e informações, liberando crescentemente as pessoas para os aspectos relacionais, possibilitando que marcas e lojas engajem-se crescentemente com seus clientes.

Por um lado, estas tecnologias parecem reforçar um componente de the winner takes it all trazido também por alguns aspectos do comércio eletrônico. Por outro – assim como o e-commerce – elas dão a oportunidade a pequenos comerciantes sem grande estruturas de oferecerem uma qualidade de serviço e atendimento antes impensável.

Não apenas grandes empresas, mas também pequenas lojas já utilizam chatbots que atendem clientes, respondem suas dúvidas e ajudam na conversão de negócios. Este é só o início de uma nova tecnologia que ainda engatinha, mas promete transformar a forma como o comércio em geral – e em particular o comércio eletrônico – acontece. Muito mais virá.

Obviamente, as consequências destas tecnologias não se limitarão ao comércio eletrônico, nem mesmo ao comércio. Aliás, desconfio que em não muito tempo, um artigo parecido com este será escrito por alguma tecnologia de computação cognitiva. Não sei se alguém, ou alguma empresa, está totalmente pronto para esta nova realidade está nascendo, mas você e sua empresa estão ao menos se preparando para ela?


Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da GloboNews, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes e o maior Influenciador do Brasil, segundo o LinkedIn.

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