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O que é Teoria dos Dois Fatores? Como aplicar em uma empresa?
Por Douglas da Silva, Web Content & SEO Associate, LATAM
Última atualização em 14 setembro 2021
A Teoria dos Dois Fatores apresenta conceitos fundamentais para empresas que desejam ter colaboradores engajados, satisfeitos e motivados. A partir de investigações em campo, ela define quais elementos devem ser melhorados para estimular esses sentimentos nos funcionários.
Diante da importância das descobertas dessa teoria, reunimos tudo que você precisa saber para entendê-la e aplicá-la em seu negócio. Confira os tópicos abordados neste artigo:
O que é a Teoria dos Dois Fatores?
Quais benefícios a Teoria proporciona?
Passo a passo de como aplicar a Teoria na sua empresa
O que é a Teoria dos Dois Fatores?
Também conhecida como Teoria de Herzberg, trata-se da ideia de que dois fatores — referentes às condições de trabalho e às relações interpessoais — são responsáveis pela satisfação e motivação dos colaboradores de uma empresa. Essa conclusão é resultado de uma pesquisa realizada com diversos trabalhadores industriais de Pitsburgo, na Pensilvânia.
O estudo que resultou na Teoria dos Dois Fatores foi elaborado e conduzido nos anos 50 pelo psicólogo estadunidense Frederick Herzberg. A investigação consistia em fazer duas perguntas básicas aos trabalhadores para entender o que estimulava a satisfação e a insatisfação no trabalho.
A partir das informações coletadas, Herzberg desenvolveu a teoria e a publicou em 1959 no livro The Motivation to Work — “A Motivação para Trabalhar”, em tradução literal.
Os pontos apresentados na obra se tornaram tão relevantes que, mesmo mais de 60 anos após a publicação, são utilizados até hoje por diversas empresas. Além disso, os conceitos são ensinados em várias faculdades de administração e recursos humanos.
Mas o que a Teoria dos Dois Fatores possui de tão relevante? Herzberg conseguiu identificar os principais aspectos que causam a satisfação e a insatisfação dos colaboradores. Assim, classificou-os em dois fatores: higiênicos e motivacionais.
Fatores higiênicos
Os fatores higiênicos são circunstâncias externas ao colaborador, que possuem relação com o ambiente e as condições de trabalho. Logo, são elementos definidos pelas empresas.
Para ficar mais claro, de acordo com a Teoria dos Dois Fatores os principais fatores higiênicos são os seguintes:
- clima e cultura organizacional;
salário;
supervisão;
- políticas administrativas;
condições do ambiente de trabalho;
relacionamento com os colegas;
segurança.
O ponto-chave é que Herzberg identificou que a ausência desses aspectos pode causar a insatisfação dos funcionários. Afinal, ninguém gosta de trabalhar em um local inadequado, com um salário baixo e que possui um clima tóxico, não é mesmo?
No entanto, o estudo também deixou claro que apenas a implementação desses fatores não é o suficiente para a satisfação e motivação dos colaboradores. Pode-se dizer que o oferecimento dessas condições é o mínimo para se ter um ambiente organizacional adequado.
Fatores motivacionais
Se os fatores higiênicos não são capazes de promover a satisfação, o que mais é preciso? Dos fatores motivacionais!
De certa forma, esses aspectos estão sob controle do colaborador, pois possuem relação a objetivos profissionais e aos sentimentos diante certos cenários. Os principais fatores motivacionais são estes:
reconhecimento;
responsabilidades;
- sentimento de crescimento profissional e pessoal;
funções desempenhadas.
Apesar de serem elementos relacionados às perspectivas dos funcionários, as organizações são capazes de estimular esses aspectos com algumas medidas.
Por exemplo, o reconhecimento e o sentimento de crescimento podem ser promovidos por meio da implementação de uma cultura de feedbacks. Regularmente, líderes podem dar retornos aos profissionais sobre acertos e erros.
Como a própria nomenclatura dada por Herzberg indica, esses fatores são capazes de promover a satisfação e a motivação. Portanto, negócios que desejam ter profissionais engajados devem valorizar esses aspectos organizacionais.
Leia também: A importância do feedback na gestão de pessoas: porque implementar essa cultura?
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Quais benefícios a Teoria proporciona?
Como já dito, a Teoria dos Dois Fatores define os aspectos que influenciam a motivação e satisfação dos colaboradores. Logo, a sua aplicação proporciona, principalmente, benefícios relacionados à performance dos profissionais e à qualidade de vida no ambiente de trabalho.
Fique a seguir com as principais vantagens:
melhora a motivação e o engajamento dos colaboradores;
reduz a taxa de rotatividade;
contribui para um clima e uma cultura organizacional mais saudáveis;
aprimora a produtividade.
Melhora a motivação e o engajamento dos colaboradores
Visto que os fatores motivacionais de Herzberg consistem em elementos essenciais para a satisfação e motivação dos colaboradores, a implementação deles melhora exatamente esses aspectos.
A partir da aplicação de medidas, os profissionais se sentirão com mais ânimo e disposição para alcançar as metas da equipe e do negócio.
Reduz a taxa de rotatividade
Também conhecida como turnover, a taxa de rotatividade consiste na porcentagem de colaboradores que deixam uma empresa em determinado período.
Esse indicador de gestão de pessoas pode ser muito útil para entender o nível de satisfação dos funcionários. Uma taxa muito alta pode apontar que há graves problemas organizacionais incentivando os colaboradores a saírem da empresa.
De acordo com o relatório Revelations from Workforce Turnover, todo mês 5% dos trabalhadores deixam seus empregos. Sendo que, em mais de 60% dos casos, a saída é voluntária, ou seja, por opção do profissional.
Ainda em conformidade com essa pesquisa, os principais fatores que levam à saída voluntária são o salário e o reconhecimento.
Sendo assim, fica claro que investir na aplicação da Teoria dos Dois Fatores pode contribuir para a retenção de talentos devido ao oferecimento de condições de trabalho adequadas.
Isso é ótimo, porque além de manter os bons profissionais que a empresa formou, há uma redução de custos considerável, algo que pode impactar de maneira positiva no lucro.
Empresas com uma taxa de rotatividade baixa têm lucros cerca de quatro vezes maiores, conforme resultados de um estudo da Universidade de Maryland.
Contribui para um clima e uma cultura organizacional mais saudáveis
Parte dos elementos que constituem os fatores higiênicos e motivacionais estão relacionados com o clima e a cultura organizacional.
Afinal, esses dois fatores podem definir como será a relação dos colaboradores entre si e com a empresa. Mais uma vez os dados comprovam a importância desses aspectos:
- os colaboradores têm 26% mais chances de pedir demissão quando não existe respeito entre os colegas de equipe (2018 Employee Retention Rate);
- trabalhadores que consideram a cultura organizacional ruim são 24% mais propensos a saírem da empresa (2018 Employee Retention Rate);
- 43% dos profissionais procuram outro emprego por conta de um plano de carreira limitado no emprego atual (Randstad Employer Brand Research 2018).
Logo, novamente destacamos a importância de investir em fatores motivacionais para que haja uma retenção de talentos adequada, evitando custos desnecessários e a perda de bons profissionais.
Aprimora a produtividade
Ao garantir mais satisfação e motivação aos colaboradores, um dos benefícios mais óbvios é a melhora da produtividade.
Afinal, nosso desempenho aprimora de maneira considerável quando nos sentimos engajados em conquistar um objetivo, certo?
Segundo o relatório State of the Global Workplace, trabalhadores engajados são 17% mais produtivos. Por consequência, as empresas desses profissionais são 21% mais lucrativas.
Passo a passo de como aplicar a Teoria na sua empresa
monte uma equipe;
analise a empresa;
estruture ou aprimore os fatores higiênicos;
invista no enriquecimento do trabalho.
1. Monte uma equipe
O primeiro passo para aplicar a Teoria dos Dois Fatores na sua empresa é determinar quem serão os responsáveis pelo processo de implementação.
É interessante que a equipe seja liderada por alguém do departamento de recursos humanos, mas que colaboradores de outros setores também façam parte do time.
Assim, será possível ter uma perspectiva mais ampla e completa de como os fatores higiênicos e motivacionais são visualizados pelos funcionários.
A recomendação de a liderança ficar a encargo de um profissional de RH é por conta das habilidades relacionadas à gestão de pessoas. Isso pode contribuir para que as ações sejam mais assertivas e eficientes.
Portanto, em um primeiro momento, foque em determinar os responsáveis por desenvolver o roadmap que guiará a implementação dos conceitos da Teoria da Motivação de Frederick Herzberg.
2. Analise a empresa
Em seguida, deve-se analisar a organização. Dessa forma, será possível compreender quais fatores higiênicos e motivacionais devem ser implementados ou aprimorados para melhorar a satisfação e o engajamento dos funcionários.
Por conta desta etapa que é interessante ter colaboradores de diferentes departamentos na equipe de implementação. As visões distintas são fundamentais para entender de maneira adequada o que pode ser implementado e melhorado.
3. Estruture ou aprimore os fatores higiênicos
Após a análise, ficará claro quais fatores higiênicos não existem na organização ou precisam ser melhorados.
Como dissemos anteriormente, esses elementos não são capazes de promover a motivação. Contudo, são requisitos básicos para que o ambiente de trabalho tenha a capacidade de ser satisfatório e motivador.
Alguns exemplos do que pode ser feito para melhorar esses aspectos são os seguintes:
- salário: ofereça uma remuneração adequada aos colaboradores, de acordo com as funções realizadas. Além disso, deixe claro como funcionam promoções, comissões e bônus;
- políticas administrativas: construa uma estrutura com processos que ajudam a guiar e otimizar o trabalho, sem burocracia e etapas confusas;
- supervisão: treine as lideranças para que consigam desenvolver um relacionamento de respeito, baseado em uma comunicação empática com seus liderados;
- condições do ambiente de trabalho: disponibilize espaços e equipamentos adequados para que os profissionais possam executar suas tarefas de maneira produtiva;
- relacionamento interpessoal: incentive a construção de um ambiente saudável e amigável, evitando competitividade e desrespeito.
Esses são apenas exemplos de medidas que, em alguns casos, fariam sentido para melhorar os fatores higiênicos de uma empresa. Porém, a partir da análise, deve-se definir quais ações são apropriadas para seu negócio.
4. Invista no enriquecimento do trabalho
Depois de estruturar e aprimorar os fatores higiênicos para que haja condições mínimas de promover a satisfação profissional, é hora de investir no que Herzberg chama de “enriquecimento do trabalho”.
Esse conceito define as ações voltadas à melhoria dos fatores motivacionais. Ou seja, trata-se das medidas que realmente contribuem para que os colaboradores se tornem mais engajados.
Assim como dissemos no tópico anterior, as ações devem ser determinadas de acordo com os resultados da análise. Desse modo, as medidas implementadas serão condizentes com os problemas e as oportunidades de otimização do negócio.
No entanto, veja alguns exemplos de atitudes que podem ser tomadas para que haja o enriquecimento do trabalho:
- reconhecimento: desenvolva uma cultura baseada em feedbacks para que os colaboradores sejam reconhecidos por conquistas e entendam o que podem melhorar em caso de erros. Aliás, pode ser interessante desenvolver um programa de reconhecimento que dê algum bônus salarial, por exemplo;
- responsabilidades: confie no potencial dos profissionais e lhes dê autonomia para que realizem suas tarefas;
- sentimento de crescimento profissional e pessoal: estruture um plano de carreira para determinar o caminho evolutivo do colaborador dentro da empresa. Assim, todos saberão até onde podem chegar e o que precisam fazer para isso;
- funções desempenhadas: delegue atividades desafiadoras e diversificadas. Além disso, pense em maneiras de deixar claro aos funcionários que as tarefas executadas por eles são importantes para o negócio. Mas tenha cuidado para não sobrecarregá-los.